A morte do jovem Leonardo da Silva Pereira Almeida, de 22 anos, na madrugada desta quinta-feira (15), chamou a atenção da população e os órgãos públicos de Santa Maria. Para comentar sobre o primeiro crime de latrocínio registrado neste ano no município, o superintendente do Centro Integrado de Segurança Pública de Santa Maria (CIOSP), Sandro Nunes, e o Major Rogério Glanzel, respondendo pelo 1º Regimento de Polícia Montada da Brigada Militar, estiveram ao vivo no programa CDN Entrevista.
Câmeras do CIOSP gravaram o momento em que o jovem é atingido com golpes de facão e pelos tiros, por volta das 2h20min na Rua Coronel Niederauer, em frente ao quartel do corpo de bombeiros. O fato ocorreu após a tradicional fetsa dos calouros, realizada na praça Saturnino de Brito, conhecida também como Praça do Brahma. Neste segundo semestre, o evento “Calourada Segura” não foi organizado com antecedêcnia pelos órgãos públicos como nas edições anteriores, o que provocou tumulto na noite de segunda-feira (12). A estrutura só foi montada na terça-feira (13), onde equipes realizaram atividades como a instalação de banheiros químicos e o trancamento das vias ao entorno da praça.
O evento, que ocorre há mais de 20 anos, não conta com horários concretos de início e fim, porém, os agentes de segurança dão início a dispressão dos jovens nas vias por volta da meia-noite, ação realizada por viaturas da Brigada Militar, com o o intuito de respeitar a Lei do Silêncio. É o que explica Nunes, que lamenta profundamente a fatalidade.
– A gente sempre tratou a calourada como um evento que os nossos filhos vão, o meu filho vai, sei de muitos que vão também, procurar se divertir e ter um abiente saudável e seguro. (…) A gente lamenta muito, trabalhamos até o dia de hoje para que isso nunca acontecesse – afirma.
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Consumo de bebida alcólica nas vias públicas
A morte de Leonardo e outras brigas que circularam nas redes sociais nesta semana foram registradas após o encerramento do evento na praça, visto que os jovens se reúnem em pontos que comercializem bebidas alcoólicas no decorrer da madrugada. O comentário da população, principalmente nas redes sociais, é que o evento seja realizado em um local fechado, ou até mesmo, cancelado definitivamente.
Levando em consideração os anos de experiência, Nunes afirma que o local não é o ideal para realizar eventos deste porte. A sugestão já foi conversada em reuniões entre os órgãos públicos, mas não foi levada adiante.
– É difícil de prever, não há controle de acesso, o público vem de várias direções. Para dispersar é o melhor, por que está tudo aberto, isso facilita bastante. Mas a entrada é complicado, observar todos de um ponto, no centro da cidade, é muito difícil – reforça.
A reunião dos calouros é composta também por veteranos, alunos de outras instituições e também, jovens que não possuem ligação alguma com instituições de ensino. Sobre a questão, Major Glanzel conta que nenhum dos envolvidos no crime, tanto os suspeitos quanto as vítimas, eram universitários. Para ele, o consumo de drogas no local é um dos principais problemas enftentados pelos órgãos.
– Muitas vezes esses telefones celulares que são furtados, são moeda de troca em uma boca de fumo, para o consumo e uso de entorpecentes. Isso a gente percebe pelo tipo de pessoas que a gente acaba abordando e prendendo – relata Glanzel.
Os suspeitos
Logo após o fato, três suspeitos foram presos por policiais da Força Tática, na Rua Appel. Com eles, foi feita a apreensão de um facão, um simulacro (arma de brinquedo) e um telefone celular, que pode ser de uma das vítimas do assalto. Eles foram levados à Delegacia de Polícia de Pronto-Atendimento (DPPA). Além deste crime, eles também são suspeitos de realizar outros assaltos na Região Central.
A investigação está em andamento por meio da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), que trabalha com o auxílio das câmeras de segurança do Ciosp, que registraram momentos antes do crime. O irmão da vítima, que estava presente no momento do crime, prestou depoimento nesta quinta-feira.
Comunicado oficial
A prefeitura de Santa Maria, juntamente da Brigada Militar e Polícia Civil, publicaram uma nota sobre o caso:
A Prefeitura de Santa Maria, a Brigada Militar, a Polícia Civil e os demais órgãos de segurança envolvidos na organização da Calourada Segura se solidarizam com a família do jovem assassinado na madrugada desta quinta-feira (15), no Centro, e reforçam que todas as ações para garantir a segurança pública foram tomadas e seguirão sendo executadas.
As orientações de organização, como câmeras de vigilância, banheiros químicos e limpeza, e de dispersão na Praça Saturnino de Brito e arredores, em função do encontro de acadêmicos e demais pessoas, obedecem aos órgãos de segurança que, em conjunto com o Poder Público, procuram garantir que a festa ocorra sem maiores transtornos.
Ressalta-se, ainda, que todas as diretrizes sobre esta reunião de calouros são tratadas desde 2017 também com o Ministério Público e com as demais instituições de Ensino Superior de Santa Maria.
Por fim, a Prefeitura e os demais órgãos de segurança seguirão cumprindo o papel social de empregar esforços para preservar a vida das pessoas.
Endereço da polêmica há 20 anos
As polêmicas envolvendo a Praça Saturnino de Brito de Diário de Santa Maria
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